Afinal, quem eram eles?

Boa noite, e um beijo todo especial a uma humana que conheci recentemente, mas que já está cativando meu bárbaro coração! S2

Era uma noite aparentemente comum no semi-árido de Anauroch. Mas os bois de meus pais mugiam com uma força fora do comum. O vento uivava entre as frestas de nossa tenda. A lamparina tremia, lutando contra o frio que começava a congelar nossa água logo ao anoitecer.

Meu pai estava lá fora, lutando para ordenhar nossa vaquinha, Milekova. Um certo tempo depois, ele trouxe leite morno, que logo misturamos ao hidromel. Éramos 4: eu, meus pais e minha irmãzinha Anaura.

É verdade que fazia muito frio, mas minha mãe tremia mais que o normal. E apenas ela tremia, todos nós estávamos bem aquecidos pela mistura de leite com hidromel, mistura esta que batizamos carinhosamente de hidromelk.

Ela começou a falar: “Lembro como se fosse semana passada. Aqueles serem negros chegaram numa noite de inverno, como esta. Uma noite de ventos fortes como esta, e invadiram nossa casa de troncos de madeira como se ela fosse de papel. Eles comeram meus pais como se meus queridos fossem… carne moída. Comecei a berrar como leoa, embora não fosse eu a mãe a defender meus filhotes.  Eu era o único filhote. Lembro que entre aqueles seres negros malditos, que tinham a cor da própri morte, alguém tinha menor estatura e voz menos gutural. Este ser, que descobri depois que era uma mulher, me colocou dentro de suas roupas de couro não curtido. Me senti como se estivesse sendo engolida, porém anos depois aprendi que ela estava mostrando toda a ternura que uma mãe ork sabe demonstrar. Ao chegarmos em uma caverna sombria como a noite invernal do Gelo Alto, ela me pintou de preto com piche, e só anos mais tarde eu soube que sou branca como a lua, quando fugi de minha mãe adotiva, tomei banho num rio quase congelado perto de Cahoeira da Adaga, e soube que na verdade eu era branca como a neve. Mas, o que importa é que não sei quanto tempo passaremos juntos. Só sei que, à minha maneira de bárbara rude, amo vocês.”

Logo ela apagou, e começou a roncar como o próprio vento que passava por nossa tenda. Eu, evidentemente, perdi totalmente o sono, apesar de ver o mundo girando ao meu redor. Quando eu já estava com meu coropo dolorido pelos tremores e encharcado de suor frio, eles chegaram. No meio, alguém com estatura menor e cabelos brancos escondeu minha irmã dentro de sua roupa, e me cobriu com uma peça de couro. E fico pensando:  o que moveu estas orks a terem estes gestos de relativa compaixão? E será que a ork que salvou minha mãe foi a mesma que salvou a mim? E minha irmã? Ela ainda vive? Será que ela ainda me reconheceria?

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